Hora Atividade Interativa - O Uso de Calculadoras nas Aulas de Matemática - Síntese do Relatório
Objetivando fomentar o debate sobre uso de calculadoras como recurso para ensinar e aprender conceitos e conteúdos nas aulas de Matemática, bem como possibilitar aos professores de Matemática da rede estadual de ensino do Paraná momentos de reflexões, troca de ideias e de experiências sobre o tema, assim como a oportunidade de avaliar atividades para o ensino de matemática com o uso de calculadoras, foi realizada no dia sete de março de 2012 a Hora Atividade Interativa (HAI) sobre Uso de Calculadoras nas Aulas de Matemática na Educação Básica.Os professores tiveram oportunidade de participar dessa atividade em três horários: 10h 20; 16h 30 ou 19h 00. Foram registrados mais de 5000 acessos aos debates, somando-se os três turnos.
Com a finalidade de colher informações para nortear processos de decisão e desencadear ações posteriores ao encontro, foram inseridas enquetes durante os debates.
Tanto o resultado das enquetes, quanto as postagens dos professores, permitiram identificar basicamente três posições em relação ao uso ou não de calculadoras.
Há professores que defendem:
1) o uso livre
2) o uso mediado
3) a proibição do uso
Os participantes que defenderam o uso livre, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, ou somente no Ensino Fundamental ou Médio, justificaram essa liberação como uma forma de incluir os recursos tecnológicos na rotina escolar, bem como preparar os estudantes para o mundo do trabalho. Também defenderam que os alunos ficam mais envolvidos em aulas em que a calculadora é liberada, pois nessas aulas ele tem condições de estar mais concentrado na interpretação e na solução dos problemas propostos, sendo que o professor pode concentrar suas aulas mais na resolução de problemas do que nos procedimentos de cálculo, pois, para eles, o objetivo maior do ensino de Matemática não é ensinar a fazer contas, mas ensinar a ler, interpretar e a resolver problemas.
Os professores que defenderam o uso mediado de calculadoras acreditam que esta deva ser usada em momentos específicos mediados pelo professor em situações didáticas que favorecem a aprendizagem de conceitos e conteúdos da disciplina. Também defenderam o uso em situações que requerem muitos cálculos repetitivos, trabalhosos e demorados, em especial quando o objetivo do professor não é trabalhar os mecanismos de cálculo em si, mas os conceitos envolvidos na atividade. Também foi apontada a possibilidade de que a calculadora possibilita o trabalho de problemas com dados reais e não situações com dados forçados que têm como finalidade facilitar os cálculos se esses tivessem que ser feitos à mão. Quando esses professores apontam as necessidades de relativizar o uso de calculadoras mostram preocupação com concursos e vestibulares e com o fato de ser mais difícil detectar dificuldades dos alunos em procedimentos de cálculo quando o uso da calculadora é liberado. A liberação do uso nos anos iniciais do Ensino Fundamental também apareceu como uma preocupação dos professores.
As justificativas para a proibição do uso de calculadoras revelam preocupações que dizem respeito à hipótese da calculadora gerar vícios, dependência e preguiça, impedindo os alunos de usarem o raciocínio lógico. Outro argumento bastante citado foi o fato dos concursos, vestibulares e avaliações de sistema não permitirem o uso de calculadoras durante a realização das provas.
A posição da Seed em relação ao uso de calculadoras coincide com a defesa feita pela maioria dos participantes da HAI. Entende-se, conforme as Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica, que a calculadora deve ser incorporada às aulas como forma de dar acesso a recursos tecnológicos presentes na vida cotidiana dos estudantes e no mundo do trabalho. Entende-se, entretanto, que o uso dessa ferramenta deve ser mediado pelo professor e que este deve adotar o seu uso em situações didáticas que favoreçam a aprendizagem de conceitos e conteúdos da disciplina.
Entende-se que o uso livre de calculadoras, em qualquer nível de ensino, ainda não tem indicativos suficientes na pesquisa acadêmica para que se possa dizer que não traz danos para a formação do estudante. Há na pesquisa acadêmica indicações de atividades específicas, com objetivos bem-definidos, em que a calculadora pode ser uma aliada do professor para ensinar Matemática em todos os níveis de ensino.
Além disso, é preciso considerar que, enquanto os concursos e os vestibulares não permitirem o uso de calculadoras é importante que nossos alunos tenham habilidades de cálculo independente de calculadoras, para que possam competir em igualdade de condições com os demais candidatos.
Um número expressivo de participantes revelou nunca ter participado de um curso de formação sobre uso de calculadoras e fizeram postagens pedindo que a Seed ofereça cursos de formação voltados a essa temática.
Assim, com uma das ações de formação, foi proposto um fórum para discutir atividades com o uso de calculadoras em momentos específicos e com a mediação do professor, uma vez que acreditamos que as opiniões e posições em relação ao uso de calculadoras foram suficientemente discutidas na HAI.