Hora Atividade Interativa - Resolução de Problemas ou de Exercícios? - Síntese do relatório
A pesquisa acadêmica tem indicado a resolução de problemas como metodologia que traz bons resultados no ensino e na aprendizagem de Matemática em todos os seus objetos de estudo. Por isso, os documentos de orientação curricular estaduais, nacionais e internacionais indicam essa como uma das possíveis metodologias para o trabalho escolar com a discipĺina. Entretanto, nem sempre os professores têm acesso a discussões que incorporam essa e outras metodologias durante a sua formação inicial. Isso pode ter deixado lacunas que levam alguns dos docentes a confundirem a resolução de problemas com a simples resolução de exercícios aplicados após a exposição de conteúdos. O que se colocou em discussão durante a HAI é que a resolução de problemas é, conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática, “uma metodologia pela qual o estudante tem oportunidade de aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos em novas situações, de modo a resolver a questão proposta” (PARANÁ, 2008, p. 62). Ou seja, o professor inicia a exposição de um conteúdo, provocando o aluno por meio de um problema.Percebeu-se no decorrer dos debates que o tema é do conhecimento da maioria dos participantes e que eles têm clareza da importância de aplicar essa metodologia nas aulas de Matemática. Isso ficou evidente em postagem como: “a aula de Matemática e os conteúdos previstos não precisam parar para a aplicação da resolução de problemas. Ela entra como suporte à compreensão e apreensão dos conteúdos matemáticos”; “a cada proposta de resolução, o aluno deve ser encorajado a refletir e analisar detalhadamente o texto, estabelecendo relações entre os dados numéricos e os outros elementos que o constituem e também com a resposta obtida, percebendo se ela é ou não coerente com a pergunta e com o próprio texto” e “sou adepto da resolução de problemas em minha metodologia. Acredito que os exercícios estruturais são fundamentais para o domínio das técnicas de resolução, porém, a aplicação destas técnicas em situações problema demonstram ao aluno a importância do aprendizado.”
Os obstáculos citados para aplicar a metodologia giraram em torno do baixo número de aulas da disciplina, especialmente no Ensino Médio, da resistência dos alunos ao método, na falta de hábito de leitura dos alunos, das dificuldades dos alunos para interpretar textos e da falta de tempo para planejamento dos professores. Isso se evidenciou em postagens como “a dificuldade de interpretação é um problema muito frequente nas aulas de Matemática. Os alunos estão acostumados e esperam por exercícios básicos do tipo siga o modelo. Precisamos tentar mudar isso... Fazê-los pensar é um grande desafio!” e “Infelizmente nem sempre temos tempo suficiente para elaborar situações problemas em muitos conteúdos e apenas trabalhamos os exercícios tradicionais”. Os professores também revelaram preocupação em manter a aplicação de exercícios, além de trabalhar com situação-problema.
No total, 530 professores participaram dos debates, sendo 315 no período da manhã e 215 no período da tarde e mais de 50% dos participantes permaneceram nos debates por mais de 30 minutos.
A enquetes aplicadas durante as discussões permitem concluir que os participantes já tiveram algum contato com o tema. Isso pode explicar o bom nível das postagens no decorrer dos debates.
Quando perguntados sobre a aplicação do método, tanto no período da manhã, quanto no da tarde, os participantes declararam usar a metodologia em suas aulas, o que denota ser um indicativo de que a participação em cursos de formação sobre o tema contribuiu para a prática pedagógica. Entretanto, mais de 10% dos professores afirmou nunca ter participado de um curso de formação sobre resolução de problemas e como os professores que já participaram afirmaram que a formação contribuiu significativamente para a sua prática, acredita-se que é importante oferecer cursos de formação continuada. Essa demanda é confirmada pelo alto percentual de professores que declararam que pretendem aprofundar mais seus estudos sobre o tema. Além disso, percebe-se a necessidade de aprofundar discussões sobre a metodologia e como selecionar bons problemas a partir de postagens como: “a geração atual está acostumada ao imediatismo, a resolução de problemas exige muitas vezes maior tempo para interpretá-los e buscar estratégias de resolução... é comum desistirem já na primeira fase” e “um dos obstáculos que acontece comigo é um estudo aprofundado sobre resolução de problemas, pois dar problemas nas aulas e não ter objetivos apropriados, isto não é aplicar uma nova metodologia. Então, no meu caso, preciso estudar mais”. É possível que, quando os alunos desistem de resolver logo na primeira fase, o problema selecionado pelo professor não está adequado ao nível dos estudantes, para quem o problema foi proposto.
Os professores que afirmaram que pretendem ampliar mais o uso da metodologia em suas aulas, demonstram que têm intenção de mudar seus métodos, aproximando-se mais das indicações dadas pelos documentos oficiais, pela pesquisa acadêmica e que se refletem nas avaliações externas como a Prova Brasil, o Enem, vestibulares e concursos, provas que têm forte peso em questões que se constituem em situações problemas. Como foi também lembrado pelos participantes da HAI em postagens como: “ao utilizarmos situações problemas, tomando como referência a maior prova nacional, o Enem, podemos conduzir e orientar os alunos sobre as informações contidas na questão...”; “verificamos em vestibulares e concursos a utilização da resolução de problemas, não há como não utilizá-los.”; “Profa. Adelaide, acompanhei uma turma em que o prof. trabalhou com situação problema desafiadora com as crianças no Ens. Fund. fase 1, e o resultado deles na prova Brasil foi 10 pontos acima da prova anterior.”
100% dos respondentes afirmaram que participariam de outra HAI. Esse resultado, aliado ao bom número de participantes evidencia a importância de ofertar aos professores momentos de discussão neste tipo de formato. Acredita-se que isso se deve: ao fato da HAI ser realizada em períodos em que a maioria dos professores da disciplina está na escola na sua hora atividade; ocupar apenas 50 minutos do tempo do professor; propor temas relevantes para os debates; não exigir deslocamento físico e dar voz a todos, mesmo com a mediação. Além disso, há postagens que mostram a importância dos professores poderem trocar experiências com seus pares como, por exemplo: “a partir de experiências compartilhadas, percebe que os alunos, em relação ao ensino da Matemática, tornam-se desinteressados quando só executam procedimentos padronizados, mecânicos, só resolvendo exercícios e que se desmotivam em relação a disciplina, mas quando colocamos um problema a ser resolvido por ele, desperta neles o interesse e a vontade de resolver o problema proposto.”; “amigos professores, foi gratificante compartilhar experiências aqui com vocês, deixo meu desejo de uma boa quarta-feira a todos e bom trabalho a todos. Obrigada, e até um próximo encontro.”
A análise das postagens publicadas e das enquetes submetidas durante a HAI permitem concluir que os professores participantes, em sua maioria, entendem que a resolução de problemas é um encaminhamento metodológico importante e possível de ser aplicado na Educação Básica. Porém, há indicativos de que é necessário oferecer cursos de formação continuada para esclarecer certos aspectos da metodologia, bem como para discutir possíveis soluções para as obstáculos apontados pelos docentes.
Quanto à atividade HAI, os professores participantes gostariam que houvesse outras. Porém, alguns apontaram para a impossibilidade de permanecer o tempo todo, em função de outras atividades que tinham a realizar no mesmo horário e, outros registraram que a conexão com a internet estava muito lenta.