Disciplina - Matemática

Matemática

01/02/2017

‘Luta’ de estudantes...

‘Luta’ de estudantes com matemática pode ser sinal de transtorno


Desordem neurológica afeta a habilidade de dominar os números

LONDRES, REINO UNIDO. Ela representa o pavor de muitos jovens estudantes brasileiros e, provavelmente, do mundo afora também. A matemática está longe de ser uma queridinha na escola. Mas a dificuldade de lidar com a disciplina pode ser explicada pela discalculia, uma desordem neurológica que afeta entre 3% e 6% da população mundial, segundo apontam estimativas. As informações são da rede BBC.

De acordo com a literatura médica, a discalculia afeta a habilidade de adquirir destrezas matemáticas. Alunos discalcúlicos podem experimentar dificuldades para entender conceitos numéricos, carecem de compreensão intuitiva dos números e têm problemas para aprender operações matemáticas.

Frequentemente, especialistas descrevem a discalculia como a “prima matemática” da dislexia.
A dificuldade de entender do que sofria foi “simultaneamente uma fonte de irritação e alívio”, conta a escritora norte-americana Hannah Tomes, que desde de criança dizia ter “pavor de tudo relacionado a números”.

“Não podia ver a hora em um relógio desde que tinha 15 anos, e tive de praticar muito para conseguir superar essa barreira. Até hoje me dá um pouco de pânico quando alguém me pergunta que horas são”, relata.

Ela diz que, se tivesse ficado sabendo dessa condição, talvez tivesse sido mais benevolente consigo mesma quando era criança.

Na condição, normalmente é comum ver as crianças em fase pré-escolar fazendo contas com a ajuda dos dedos em idade mais avançada do que o normal, além das dificuldades para se realizar estimativas aproximadas.

“Em algumas crianças, a memória do procedimento pode não funcionar bem, por isso as habilidades matemáticas não se automatizam”, explica Tanya M. Evans, responsável por um estudo realizado pelo Centro Médico da Universidade Georgetown e pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

Causas. Várias pesquisas mostram que a discalculia tem um alto componente hereditário. Outras indicam que o problema se relaciona com o desenvolvimento do cérebro do bebê no útero ou nos primeiros anos de vida.

Por outro lado, para muitos especialistas, se o assunto for abordado no momento indicado e de forma adequada, é possível obter resultados tão promissores quanto os já registrados com crianças disléxicas.

O acompanhamento por um psicopedagogo em ambiente escolar é uma das chaves para solucionar o problema.

Realidade
Brasil. Oito em cada dez municípios têm menos de um quarto de alunos do 9º ano do ensino fundamental aprendendo o adequado a sua série em matemática, segundo o movimento Todos pela Educação.

FLASH
Resultado. Quase metade dos alunos brasileiros (44,1%) está abaixo do nível de aprendizagem adequado em leitura, matemática e ciências, aponta o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Viver na pele o problema fez professor compreender alunos
LONDRES. “O fracasso na matemática – assim como o fracasso no amor – nos deixa machucados e vulneráveis”, diz o norte-americano Ben Orlin, em seu blog “Math with Bad Drawings” (“Matemática com desenhos ruins”, em português). Orlin diz ter experimentado na pele o que escreveu.

Curiosamente, ele é professor de matemática, mas sua experiência lhe ensinou que a disciplina “faz com que muita gente se sinta estúpida”. “E ficamos machucados quando nos sentimos estúpidos”, afirma, segundo a BBC.

Para ele, as razões que causavam suas dificuldades eram superáveis. Além disso, “a combinação de grande ansiedade, baixa motivação, lacunas do conhecimento” e maus momentos pelos quais passou serviu para entender o que enfrentam muitos de seus alunos.

“Nenhum professor de matemática deveria se tornar professor até ter sentido na pele as agruras do fracasso matemático”, acredita.

Esta noticia foi publicada em 23/01/2017 no site http://www.otempo.com.br/. Todas as informações contidas são responsabilidade do autor.
Recomendar esta notícia via e-mail:

Campos com (*) são obrigatórios.