Disciplina - Matemática

Matemática

29/01/2009

Estudantes do ensino fundamental começam a usar calculadoras em 2009

Em dezembro do ano passado, as escolas da rede pública de São Paulo começaram a receber da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) calculadoras que serão usadas pelos alunos da quarta série do ensino fundamental a partir de 2009. O uso do aparelho, inédito no ensino fundamental da rede pública paulista até o ano passado, divide especialistas entre a cautela e o entusiasmo.
O uso dos aparelhos no ensino da matemática começou no ano passado no ensino fundamental das escolas estaduais paulistas com um projeto piloto entre 15 mil alunos que ficaram de recuperação. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, os resultados foram tão bons que a pasta decidiu expandir o uso da calculadora para todas as quartas séries do estado.

O objetivo do projeto, de acordo com a pasta, é fazer com que os alunos exercitem o raciocínio lógico com atividades propostas em classe. Ou seja, os estudantes, pelo previsto no projeto, não poderão fazer qualquer conta com a calculadora nem usá-la sem o conhecimento do professor --apesar de as crianças receberem os aparelhos e poderem levá-los para casa.
“Sua utilização [da calculadora] contribui para liberar o ensino da matemática do excessivo peso do cálculo e ajuda a elaborar novas formas de raciocínio. Esperamos que os alunos possam descobrir suas funções e validar os resultados que a máquina vai fornecendo”, diz o governo em comunicado entregue às escolas junto às calculadoras.

A professora Solange Amato, especialista em ensino de matemática da UnB (Universidade de Brasília), diz ser a favor do uso das máquinas de calcular pelas crianças, mas com muita cautela. “Se for usado bem, não prejudica. Mas se permitirem que o aluno faça as contas elementares na calculadora, isso vai impedir a automatização das operações. Países como Estados Unidos e a Inglaterra, onde a calculadora foi largamente usada, tiveram problemas e hoje há pessoas dependentes dela, que não conseguem fazer contas sozinhas”, afirma Amato.
A professora se refere a um estudo realizado pelo governo dos Estados Unidos no ano passado. A pesquisa apontou que, apesar de não haver resultados que justifiquem o banimento das calculadoras da sala de aula, a automatização dos cálculos, quando prejudicada, pode até prejudicar o aluno quando ele precisar se familiarizar com o computador e a informática. “O aluno que usa a calculadora pode não ficar com a autonomia necessária para carreiras de exatas ou para a matemática mais avançada”, afirma Amato.
“Sou a favor do uso da calculadora em qualquer contexto e em qualquer série, desde que o professor tenha um projeto, um objetivo didático bem claro, que extraia da atividade um salto no conhecimento, que promova avanço congnitivo”, diz o educador matemático Antonio José Lopes Bigode, autor de vários livros didáticos de matemática. “Calculadora não é só apertar tecla”, resume.
Segundo a Secretaria da Educação, os professores serão treinados a usar a calculadora por meio dos cadernos do professor e com o Guia de Planejamento e Orientações Didáticas da 4ª Série, além das instruções iniciais enviadas às escolas junto às máquinas de calcular.
Fonte: Abril.com
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