Disciplina - Matemática

Matemática

02/02/2010

Gênio da matemática carioca

Por Bruna Talarico
Aos 16 anos, Artur Ávila entrou no mestrado. Aos 30, se divide entre Rio e Paris resolvendo problemas.
Rio - Artur é um carioca que gosta de vestir bermuda, camisa velha e sandálias de dedo. Cabelos desgrenhados, ele deixa a barba por fazer até que incomode, o que pode demorar um mês inteiro. Quem o vê despreocupado pela rua nem imagina, mas ele se divide entre Rio e Paris para resolver problemas... de Matemática.
Aos 16 anos, ainda no Ensino Médio, Artur Ávila foi convidado a fazer mestrado na disciplina pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Aos 30, é consagrado e respeitado Matemático, com 14 anos de estudos e trabalhos no instituto, pelo qual é doutor.
Com seis prêmios e honras no currículo, ele apresenta, em agosto, seus trabalhos no Congresso Internacional de Matemática, na Índia, no qual é concedida a maior distinção do ramo, a Medalha Fields, conhecida como Nobel da Matemática. Antes de Artur, só um outro brasileiro, o também pesquisador do Impa Marcelo Viana, teve o privilégio de conduzir palestra plenária no evento.
Apesar da genialidade — ou por causa dela —, Artur não foi um aluno nota 10. Em seu tempo de escola, aproveitava as horas livres para comprar fascículos de ciência e cultivava o hábito de ler. O pai, amazonense, instigava a curiosidade do filho já aos 3 anos, quando começou a alfabetizá-lo e a dividir noções de Matemática. “Isso foi importante para me tornar quem sou hoje”, avalia Artur.
No Ensino Médio, era tímido e não via muito sentido nas aulas. Ele se entediava com a ênfase dada ao vestibular e com o método de memorização. “Não havia interesse de que as pessoas assimilassem o conteúdo a longo prazo, e isso não fazia sentido”, lembra ele, que ficou em recuperação em três disciplinas por faltas.
Foi nessa época, aos 16 anos, quando já participava — e vencia — das Olimpíadas de Matemática, que recebeu a bolsa de iniciação científica do Impa. “A Matemática demora para engrenar, mas a pessoa vai acumulando conhecimento, e tudo vai ser útil no futuro”, defende.
Artur vê beleza em números, formas geométricas e problemas sem utilidade imediata. “O matemático acha beleza no objeto. Acho triste quando uma pessoa tem vocação para a área, mas desiste da carreira de pesquisador porque só pensa no dinheiro. Ser matemático é uma ótima profissão”, defende ele, que usa como matéria-prima a mente e a vontade de resolver problemas.
Uma vida muito além dos números e das fórmulas
Rio - Nem só de números e cálculos é feita a rotina de Artur Ávila. No tempo livre, ele gosta de ir ao teatro, ouvir ópera, ver filmes antigos e cozinhar com a mulher, Susan, também pesquisadora do Impa.
As refeições preparadas a quatro mãos vêm acompanhadas sempre de um bom vinho ou espumante, bancados com o resultado do trabalho dedicado do casal.
Um pesquisador do Impa recebe bolsa que varia entre R$ 8 mil e R$ 12 mil por mês, valor que proporciona uma vida “bastante tranquila”, segundo o próprio Artur. Ele lembra, no entanto, que o melhor da profissão é ser livre para fazer — e pensar — o que gosta.
Este conteúdo foi acessado em 02/01/2010 do sítio "O Dia Online". Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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