Disciplina - Matemática

Matemática

02/06/2010

Evariste Galois, genio da Matemática

Por Sara Marques Moreira
Galois “não só resolveu um problema clássico, o da impossibilidade de resolver a equação de 5º grau por radicais, como o fez de forma completamente inesperada, original e profunda”, refere Jorge Buescu, professor do Departamento de Matemática Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
A genialidade de Galois impressionou desde cedo, mas o reconhecimento do seu trabalho demorou algum tempo. Nascido em 1811, a sua vida, numa França pós-napoleonica, foi turbulenta.
Aos 16 anos, os problemas começaram quando ingressou no seu primeiro curso de Matemática. Ao mesmo tempo que negligenciava as outras disciplinas, crescia no campo da matemática.
Na opinião de Buescu, a fórmula de Evariste Galois é “uma mistura de irreverência intelectual, de vontade de trilhar caminhos desconhecidos, com o conhecimento profundo dos que já foram percorridos”. Embora soubesse mais que o próprio professor, as soluções de Evariste eram tão inovadoras que não eram julgadas corretamente, o que lhe custou a entrada na École Polytecnhique. O seu “caráter irascível” e a falta de explicações na prova oral não permitiram a sua admissão.
A sua maré de azar não termina aqui. Com dezessete anos, decidiu enviar o seu trabalho para avaliação no Grande Premio de Matemática da Academia. Juntou dois trabalhos num só e enviou para o secretário da Academia. Apesar da sua visão inovadora, não ganhou o premio e o seu trabalho nem sequer foi registado, uma vez que o secretário morreu umas semanas antes da data de decisão dos juízes.
Além da vida dedicada à Matemática, Evarist Galois foi um grande contestatário da causa republicana. Envolveu-se em revoltas, foi preso, o que “torna mais extraordinário que, por entre toda esta agitação, tenha conseguido realizar contribuições decisivas para a Matemática”, diz Buescu.
Os acontecimentos do final da vida de Galois têm sido motivo de grande especulação. Uma única certeza existe: morreu num duelo, resultado de um “namorico de ocasião” com uma mulher comprometida. Quando o noivo descobriu a infidelidade, não hesitou em desafiar Galois para um duelo com pistola. Reza a lenda que, na noite anterior ao duelo, Galois aproveitou para registar todas as suas ideias no papel “para as passar à posterioridade”, diz Buescu.
Os trabalhos eram basicamente transcrições do que tinha enviado para a Academia, mas com algumas “correções” e “instruções sobre como e a quem encaminhar” as suas descobertas.
No dia seguinte, Galois morreu com a idade de 20 anos, depois de ser atingido no estômago. Passou-se uma década antes que o trabalho de Galois fosse reconhecido. Para Jorge Buescu, “ficará para sempre a dúvida sobre o que poderia ter Galois atingido se não tivesse morrido tão precocemente”.
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