Disciplina - Matemática

Matemática

13/06/2011

Grigori Perelman, Gênio da Matemática: Prova de Macha Gessen

Trajetória de deslocamentos, mudanças e direções no espaço cultural e na sociedade contemporâneos: eis o tema do VI Festival Internacional do Livro que está sendo realizado em Moscou.
Pode-se dizer que um dos pontos cruciais nessa trajetória é o livro “Soverchennaia strogost. Grigori Perelman: gheni e zadatcha tissiatcheletia” (“Um Rigor Absoluto. Grigori Perelman: Gênio e Missão do Milênio”). Espera-se que nesse festival seja apresentada essa primeira biografia desse genial matemático eremita russo. O autor do livro é Macha Gessen considerada escritora popular nos Estados Unidos e jornalista na Rússia, sua terra natal. Seus livros tornados “best-sellers” nos Estados Unidos não foram por enquanto editados em russo.
Custa dizer o que é que mais admira os meios sociais no “fenômeno Perelman”: o fato de ter sido esse cientista russo o primeiro a resolver um dos sete “problemas do milênio”, ou seja, provou a Conjetura de Poincaré, ou o de ter ele se recusado a receber o prêmio de 1 milhão de dólares e rompido os contatos com o mundo exterior. Em todo caso, foi justamente essa circunstância a que chamou minha atenção para Grigori Perelman – explica Macha Gessen. E continua:
Pessoas que faziam sozinhas algumas coisas nas ciências naturais viviam na virada do século XX para o XXI. Não excluo em absoluto que Grigori Perelman seja a última pessoa que tenha feito sua descoberta desse jeito. Talvez ele seja o último gênio solitário, pois havia permanecido sozinho durante sete anos a escrever no papel. Agora, toda produção genial é feita por equipes. É uma máquina gigantesca, consistindo uma parte do talento do pesquisador em saber dirigir essa máquina. Para dizer a verdade, isso sempre quase não se referia à matemática. Diziam os grandes matemáticos soviéticos que o cientista precisava unicamente de uma biblioteca boa, o lápis e o papel. Porém, não é bem assim também, porque o matemático também precisa muito de convívio profissional, precisa ser parte de uma equipe, de umas certas instituições para intercambiar informações, para compreender quem foi que fez e onde foi que fez umas certas coisas.
A autora não só teve que fazer de pioneira, como também sentar-se, metaforicamente falando, no banco escolar para escrever um capítulo dedicado à matemática. “Por sinal, toda essa intriga causada pela recusa em receber o prêmio e pela vida eremita de Grigori Perelman também serviu, no fim de contas, à matemática” – pensa Macha Gessen. E continua:
Quem ganhou sobretudo com isso não foi, possivelmente, Grigori Perelman, foi o Instituto Clay de Matemática, em Cambrige, o qual tentou entregar-lhe esse milhão. Seu objetivo consistia em chamar a atenção para a grande importância e para a beleza dos problemas matemáticos. Todavia, não supunham que um dos principais problemas científicos do milênio pudesse ser resolvido num próximo futuro. Mas de repente aparece Grigori Perelman, qual “Deus ex machina”, verificando-se logo que ele na verdade havia resolvido tal problema. Surge então uma oportunidade única de entregar, por fim, esse milhão. E depois vai se desenrolando um denário incrível: aceita – não aceita; chega à conferência – não chega...
Não chegou. E não aceitou. Em compensação, quantos leigos assim souberam da existência do próprio Grigori Perelman e da Conjetura Poincaré! Portanto, o alvo dos organizadores do prêmio foi atingido.
Esta notícia foi publicada em 13/06/2011 no sítio Voz da Rússia. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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